Se estou com esta,
Quero a outra.
Se me dou bem com esta,
Dou-me todinha à outra.
Se falo muito com esta,
Me calo pasmada com a outra.
Se como delícias com esta,
Me como todinha com a outra.
Se olho nos olhos desta,
Me perco nos olhos da outra.
Se sonho coisas com esta,
Me enrosco nos sonhos da outra.
Se faço um trato com esta,
Desfaço tudo com a outra.
Se levo a vida com esta,
A vida me leva pra outra.
Grota do Junco, março de 2010
29 de mar. de 2010
25 de mar. de 2010
Silencio
Silencio doce desce sobre o mundo
Quando - nesta lingua em que falo -
Trago de dentro um suspiro fundo
E compreendida me calo.
O vôo da voz cortado,
Restam os ruídos soltos:
O grito no lugar errado,
O sussurro saindo torto.
Silencio doce desce sobre o mundo
Quando o dia ainda escuro
E o som dos bichos não veio,
E o despertar é tão duro.
Grota do Junco, outubro 2009
Quando - nesta lingua em que falo -
Trago de dentro um suspiro fundo
E compreendida me calo.
O vôo da voz cortado,
Restam os ruídos soltos:
O grito no lugar errado,
O sussurro saindo torto.
Silencio doce desce sobre o mundo
Quando o dia ainda escuro
E o som dos bichos não veio,
E o despertar é tão duro.
Grota do Junco, outubro 2009
1 de mar. de 2010
Prece
Ai, Senhor,
Que aqui me vês -
Ou não?
Por crer não cortei o cabelo,
Por crer usei saia comprida.
Por crer atei bem o novelo
Que prende em mim minha vida.
Ai, Senhor!
Se não fores,
O que será de mim?
Terminal Rodoviário do Tietê, fevereiro 2010
Que aqui me vês -
Ou não?
Por crer não cortei o cabelo,
Por crer usei saia comprida.
Por crer atei bem o novelo
Que prende em mim minha vida.
Ai, Senhor!
Se não fores,
O que será de mim?
Terminal Rodoviário do Tietê, fevereiro 2010
O que é que Cunha precisa?
O que é que Cunha precisa?
Criar vergonha e suar a camisa.
O que é que Cunha quer?
Falar de homem e transar com mulher.
O que é que Cunha sente?
Falta de idéias e a cabeça quente.
O que é que Cunha seria?
Um mar praguejado de calmaria.
O que Cunha precisa
É cair no samba,
levantar poeira,
deitar pra rolar
e não reclamar.
Grota do Junco, janeiro de 2010
Criar vergonha e suar a camisa.
O que é que Cunha quer?
Falar de homem e transar com mulher.
O que é que Cunha sente?
Falta de idéias e a cabeça quente.
O que é que Cunha seria?
Um mar praguejado de calmaria.
O que Cunha precisa
É cair no samba,
levantar poeira,
deitar pra rolar
e não reclamar.
Grota do Junco, janeiro de 2010
Marcadores:
o que é que cunha precisa?
Cinco centavos
O homem passando derrubou a moeda.
Era tiquinha, a moedinha,
Nem dez centavos valia.
Avisar, avisei:
“Olha, moço, derrubou a moeda!”
De vergonha talvez de ir-se embora
Sem ligar pra coisa tão pouquinha,
O moço voltou e falou:
“Opa, moedinha danada, vem cá!”
E assim ela foi, carregada pela mão do moço.
Só cinco centavos valia, a moedinha.
Terminal Rodoviário do Tietê, fevereiro 2010
Era tiquinha, a moedinha,
Nem dez centavos valia.
Avisar, avisei:
“Olha, moço, derrubou a moeda!”
De vergonha talvez de ir-se embora
Sem ligar pra coisa tão pouquinha,
O moço voltou e falou:
“Opa, moedinha danada, vem cá!”
E assim ela foi, carregada pela mão do moço.
Só cinco centavos valia, a moedinha.
Terminal Rodoviário do Tietê, fevereiro 2010
A crente e a freirinha
A freirinha de cinza
Senta-se ao lado da crente
De olhos verdes e cabelos longos,
Amarrados.
O rosário pendurado no peito da freirinha,
Lá fica, parado.
A crente provoca a freirinha
Citando Herodes na bíblia,
A freirinha quieta.
Religião demais, o santo desconfia.
Terminal Rodoviário do Tietê, fev. 2010
Senta-se ao lado da crente
De olhos verdes e cabelos longos,
Amarrados.
O rosário pendurado no peito da freirinha,
Lá fica, parado.
A crente provoca a freirinha
Citando Herodes na bíblia,
A freirinha quieta.
Religião demais, o santo desconfia.
Terminal Rodoviário do Tietê, fev. 2010
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